Soluções Coorporativas e Pessoais em Palestras

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ENFOQUE NO DESENVOLVIMENTO HUMANO

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

A BELEZA PARA UMA MULHER QUE FAZ A DIFERENÇA

Pergunto em minhas palestras se alguém sabe o nome de alguma modelo brasileira famosa? Em coro o nome “Gisele Bi...!”, é praticamente unanimidade. Mantenho-me argumentando se na platéia elas gostariam de possuir o corpo da “modelo” citada, e imediatamente a maioria ecoa um sonoro sim!

Diante desta colocação dou seqüência ao que realmente me proponho a tratar em minhas palestras e até mesmo neste artigo. Modelos, padrões, ditaduras... Em uma pesquisa científica, cerca de 600 milhões de mulheres sentem-se escravas dessa masmorra psíquica. Apenas 2% das mulheres de todo o mundo, se descrevem como belas e têm uma ótima relação consigo mesmas. Dado altamente alarmante! Estamos vivendo a Síndrome do PIB (Padrão Inatingível de Beleza). Se eu realmente pudesse padronizar uma idéia de modelo para todas as mulheres brasileiras, e porque não do mundo, tentaria padronizar “o modelo da diferença“, pois é exatamente a diferença que torna uma mulher verdadeiramente bela.

Muitas mulheres já fizeram a diferença no mundo, diferença não porque eram esteticamente belas, mas porque em suas próprias épocas e por diferentes motivos, acabaram entrando para a história. Elas ajudaram a valorizar a figura feminina e acabar com muitos preconceitos e tabus. São muitas as mulheres que poderiam ser lembradas como modelos pela sua contribuição para a sociedade, Cleópatra: Conseguiu manipular dois dos homens mais poderosos do seu tempo, os romanos Júlio César e Marco Antônio, assegurando que o Egito ficasse de fora da ocupação romana. Acabou se tornando símbolo da astúcia feminina. Princesa Isabel: Trocou a monarquia pelo final da escravatura no Brasil. Mesmo sabendo que assinar a Lei Áurea era determinar o fim da monarquia e ainda trazer sérios problemas à Coroa, já que estava apoiada nos fazendeiros e senhores de engenho; colocando-se contra os interesses deles não pestanejou e assinou com uma caneta de ouro, a Lei Áurea, dando liberdade aos escravos.

Madre Teresa de Calcutá: Exemplo de mulher que se envolveu em uma Cruzada solitária e indigna, com um amor fora do comum pela humanidade, levando uma vida notável alimentando famintos, assistindo enfermos e, principalmente, dando ouvidos aos que nunca eram escutados. Bertha Maria Julia Lutz: “Esta sim foi um exemplo de modelo brasileira!”, uma das pioneiras do movimento feminista no Brasil; A segunda mulher a ingressar no serviço público brasileiro; Criou a liga para a emancipação intelectual da mulher, legislação que lhes outorgou o direito de votar e serem votadas (1932). Foi o embrião da federação brasileira pelo progresso feminino; lutou em prol de mudanças na legislação trabalhista com relação ao trabalho feminino e infantil, e até mesmo pela igualdade salarial. “Que modelo!”

Bem, citei estes exemplos femininos no intuito de revelar o que realmente deveria ser seguido como ideal de modelo e não como este Padrão Inatingível de Beleza que estamos vivendo. Não é preciso pensar muito para saber que a beleza hoje, onde a maioria da sociedade acredita ser a real é meramente fugaz. Padrão Inatingível em um conceito subjetivo, mas totalmente atingível objetivamente, até porque, qualquer indivíduo que queira se tornar esteticamente belo obterá sucesso, pois nunca a indústria de produtos de beleza foi tão poderosa, nunca a indústria da moda foi tão diversificada, nunca se fizeram tantas cirurgias plásticas nem se usaram tantas técnicas de estética para atingir o belo... porém...nunca, uma geração de mulheres foi tão angustiada, desiludida, frustrada, prisioneira e violentada, friso a palavra violentada na tentativa de expor que mesmo que muito já se tenha feito para proteger a mulher contra a violência dos socos, tapas, chutes ou qualquer outra física, ainda estamos longe de livrá-las da violência verbal, da alma, da emoção, do estereótipo, livrá-las do único lugar em que não é admissível ser prisioneiro, dentro de si mesmas.

O que possibilita uma mulher de fazer a diferença diante do conceito de belo ditado pela mídia é que a mesma reconheça a importância de se unir estética e bem estar emocional, mas que também saiba que de nada adiantará fazer plástica, injetar botox em alguma parte do corpo, usar a lipoaspiração para remover excesso de gordura sem que antes não faça uma “lipo” em sua auto-estima só assim a mulher contemporânea não se perderá na ditadura da beleza e poderá filtrar o que realmente lhe faz mais feminina e menos escrava.

Quando questiono as mulheres sobre que vieram buscar para suas vidas em minhas palestras elas dizem que querem ser mais belas, mais sensuais, mais amadas e atraentes para pessoas que as despertem algum tipo de interesse de relacionamento. De imediato eu respondo que jamais conseguiram chegar a este objetivo sem que antes queiram agradar a elas mesmas.

Lembro-me de uma ouvinte dizer que aceitava ser agredida fisicamente e verbalmente pelo marido e não o denunciava, porque o amava de mais, não me contive quando lhe disse que não era este o motivo, mas sim, porque ela se amava de menos. Gostar mais do outro antes de gostar de si mesma pode ser um grande erro.

Estamos repletas de atribuições que nós mesmas almejamos. Hoje, somos esposas, donas de casa, mães, amantes, profissionais, mas o que não podemos nos esquecer é que acima de tudo somos mulheres e que se não cuidarmos de nosso emocional, do nosso eu, não teremos forças para cuidarmos do outro.

Atributos externos podem sim ser valorizados e também não sou de forma alguma contra qualquer forma técnica para se atingir o “belo”, mas estas fórmulas não devem ser arraigadas em nossa consciência para que deixemos de olhar ao que realmente importa: a essência humana que está dentro de cada uma de nós.

Só assim, faremos a diferença nesse mundo onde ainda tantas mulheres buscam ser iguais!

By Mariana Gidrão.

nanagidrao@hotmail.com