Mariana Gidrão:
Acredito que as mulheres estão
em ascensão pelo fato de terem conquistado novas responsabilidades, hoje, somos eleitas para cargos executivos
importantes, presidirmos nações, dirigimos grandes empresas além de determinamos
políticas públicas e privadas. Atributos que durante muito tempo eram
restritos aos homens.
Jornalista:Não é contraditório viver
tempos de emancipação feminina e, ao mesmo tempo, ser tão dependente da
ditadura dos padrões de beleza?
Mariana Gidrão: Sim. Só que com o bônus veio o ônus. Evoluímos quando
lutamos por direitos iguais aos dos homens perante a lei (democracia para
todos). Nos tornamos independentes financeiramente, isto foi uma grande vitória
mas infelizmente algumas mulheres se perderam em meio a tantas conquistas, não
conseguiram assimilar o verdadeiro significado da beleza e acabaram se
submetendo aos padrões ditados pela mídia, pelos homens e na maioria das vezes
por elas mesmas.
Jornalista:Não é a própria mulher que
dita esses padrões rígidos de beleza e faz questão de submeter a eles?
Mariana Gidrão: Hoje podemos
dizer que fizemos o PIB (Produto Interno Bruto) crescer, por outro lado criamos
um outro tipo de PIB (Padrão Inatingível de Beleza) rsrsrs. Criamos por parte,
pois, em uma pesquisa que realizei ao buscar informações sobre as maiores
empresas que oferecem produtos para o consumo feminino principalmente na área
da beleza descobri o que já esperava: Cerca de 90% dessas empresas são
presididas por homens o que leva a crer que eles tem sua parcela de culpa nessa
ditadura assim como a mídia. Mas o que interessa realmente não é quem dita os
padrões e sim a maneira como nós mulheres acatamos e vivenciamos esses padrões.
Cabe a cada uma buscar o real sentido da beleza.
Mariana Gidrão:: Claro que gera! A mídia nos condiciona a desejarmos
aquilo que não temos e muitas vezes nem precisamos ter. Nunca a indústria de
produtos de beleza foi tão poderosa, nunca a indústria da moda foi tão
diversificada, nunca se fizeram tantas cirurgias plásticas nem se usaram tantas
técnicas de estética para atingir o belo... porém...nunca, uma geração de
mulheres foi tão angustiada, desiludida, frustrada, violentadas, prisioneiras.
Prisioneiras no único lugar em que não é admissível ser prisioneiro, dentro de
si mesmas. Estamos precisando fazer plástica em nossa auto estima.
Jornalista:A maternidade está sendo
retardada, com a primeira gravidez acontecendo por volta dos 40 anos. Há uma
pressão para que a mulher seja mãe ou é apenas uma opção por cuidar primeiro da
carreira?
Mariana Gidrão: Antigamente tudo era mais rigoroso, a escolha do noivo
não era feita pela mulher, mas sim por seu pai, sendo assim um casamento por
conveniência e não motivado por amor e ter filhos era consequência do
casamento. Hoje temos condições de escolher o que achamos melhor para nossa
vida. Pressão existe e sempre existirá mas cabe a nós identificarmos qual o
momento mais maduro para sermos mães, donas de casa, esposas ou o que quer que
seja. Acredito que uma mulher que escolhe ser mãe aos 40 por ter priorizado
primeiro a carreira, tem grandes chances de se dedicar mais aos filhos, tem
mais consciência e maturidade para possibilitar aos filhos melhores condições
de vida.
Jornalista:Como conciliar exigências
de ser uma super mãe, super mulher e super profissional o tempo todo?
Mariana Gidrão: Primeiro
devemos rasgar a fantasia de mulher maravilha! Temos que aceitar nossas
limitações, reconhecer nossos pontos fracos e pedir ajuda se necessário. Fazer
uma coisa de cada vez também é importante, temos que parar com a mania de
querermos abraçar o mundo sozinhas. Dar valor aos homens assim como queremos
ser valorizadas por eles (é difícil mas não impossível). E por último e
fundamental, cuidar do nosso espirito, buscar a Deus independente de religião.
Fazendo isso teremos grande chance de sermos Super Felizes.
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